TRABALHAR COM PESQUISA NA ESCOLA


O que esperamos dos alunos quando passamos uma pesquisa como lição de casa? Se ela for uma simples tarefa a ser apresentada ao professor, eles acabarão por tratá-la como mais um encargo escolar.
Não é de hoje que percebemos a dificuldade de envolver os alunos em atividades de pesquisa. Na minha época de escola, era comum que os professores pedissem trabalhos sobre um determinado tema – em geral, bem amplo como “folclore” ou descobrimento do Brasil – e que nós, alunos, buscássemos o maior número de informações possíveis em enciclopédias ou livros didáticos. Copiávamos o conteúdo e entregávamos tudo ao professor, caprichando bastante na capa para impressioná-lo um pouco mais.
Não me lembro de algum professor ter questionado se aprendi algo, ou perguntado se o que escrevi viera da minha cabeça ou fora copiado. Mas não me lembrar destas coisas, após tanto tempo, nem é tão significativo. O pior é não lembrar de algo que eu tenha aprendido em alguns desses trabalhos…
Hoje, os professores reclamam que os alunos copiam tudo da internet. Alguns ainda levam as páginas impressas dos sites, talvez por não dominarem o CTRL + C (comando que permite copiar) e o CTRL + V (comando para colar textos já copiados), ou por não conseguirem realmente compreender o sentido das “pesquisas” solicitadas. Ocorre, porém, que quando o professor pede uma “pesquisa” genérica ele geralmente parece estar solicitando uma “busca” de informações. E, neste caso, fazer a seleção de sites ou cópia de trechos atenderia o objetivo.
Pesquisar é algo complexo, que precisa ser orientado. Envolve inicialmente ter uma pergunta, um questionamento, algo que precisa ser descoberto a partir da atividade de pesquisa. Envolve busca de informações e estratégias para localizá-las em diferentes mídias – afinal, a pesquisa não se dá apenas em livros, ou somente na internet, ou apenas em sites renomados da rede. As informações podem estar em vídeos, revistas novas, publicações antigas e até mesmo com as pessoas… Ou seja: dependendo do assunto, a informação pode estar na casa dos alunos habitando a memória de seus avós, por exemplo.
Para além do exercício de busca, o aluno deve saber avaliar e gerenciar as fontes de informação: selecionar o que é mais relevante, conseguir interpretar dados, avaliá-los criticamente, compará-los com outras fontes e compreendê-los.
Todos esses processos podem (e devem) ser depurados sem que percamos de vista duas questões essenciais: por que pesquisamos? O que vamos fazer com os resultados da atividade? Nem sempre é simples para os alunos entenderem o que nós, professores, queremos deles quando solicitamos uma pesquisa, principalmente quando esta deve ser feita em casa. (Os pais até se desdobram para ajudá-los, mas, muitas vezes, tampouco compreendem a proposta da tarefa. Devemos considerar ainda que em alguns casos nem o próprio educador entende exatamente o que propõe).
Quando a pesquisa é um mero trabalho a ser apresentado ao professor, os alunos acabam por tratá-la como mais uma atividade escolar. Mas, quando conseguimos engajá-los suficientemente para que percebam a importância do que estão aprendendo, aí sim eles se importam e aprendem mais, inclusive!
Por isso, sempre é importante propormos situações interessantes para o compartilhamento de suas descobertas, como a criação de um blog, de um programa de rádio, a elaboração de uma revista que vai ser distribuída na escola, a criação de um vídeo, entre muitas outras possibilidades.
Mas o vídeo, o blog e o programa de rádio não podem ser um material qualquer… Precisam ser criativos e colocarem como meta o compartilhamento do conhecimento gerado com um público que tenha significado para os alunos.
Para isso, é preciso que avaliem com criticidade todas estas mídias e compreendam de que forma podem fazer a diferença. Seminário, exercício no caderno e texto em papel almaço (como analisou Eduardo Chaves em seu último artigo para este blog) não são de todo trágicos, mas são o “mais do mesmo”, estratégias pouco motivadoras e nada desafiadoras para a geração de alunos que temos hoje. Além disso, não representam os verdadeiros desafios com os quais nossos alunos se depararão no decorrer da vida.
 
Fonte: http://blog.aticascipione.com.br/eu-amo-educar/trabalhar-com-pesquisa-na-escola

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