OS CONTATOS INICIAIS COM O AMIGO DICIONÁRIO

Entender a organização e o funcionamento desse material, assim como aprender a encontrar nele o significado das palavras, é importante desde o início da escolaridade

 Que dicionário usar nas séries iniciais?


A professora Regina Coeli do Couto
divide os alunos do 3º ano em
duplas para que compartilhem
suas impressões e ideias. Foto: Marina Piedade
A professora Regina Coeli do Couto divide os alunos do 3º ano em duplas para que compartilhem suas impressões e ideias
Os dicionários didáticos indicados para os anos iniciais do Ensino Fundamental possuem características específicas para essa faixa etária. A quantidade de palavras aumenta gradativamente de um livro para outro e alguns contam com elementos auxiliares como letras grandes e ilustrações. Desde 2006, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) distribui kits a todas as escolas públicas registradas no Censo Escolar com diversos tipos de dicionário. Destinados às atividades em sala de aula, eles devem ficar em locais de fácil acesso aos estudantes. E o ideal é que o contato comece pelos modelos ilustrados e evolua para os tradicionais.
Durante a alfabetização, o objetivo principal é que os alunos se familiarizem com o livro e o vejam como um recurso a ser consultado sempre. Para isso, os primeiros passos são entender a organização dos verbetes e aprender que as palavras estão ali na ordem alfabética. Para ajudar nessas tarefas, as publicações voltadas para os mais novos reproduzem o alfabeto nas bordas das páginas. Assim, fica mais fácil identificar em que posição está a letra que inicia o termo buscado.
Outras peculiaridades precisam ser compreendidas pelos estudantes: os substantivos de dois gêneros aparecem somente no masculino e todos os termos são apresentados no singular. A apostila Dicionários em Sala de Aula, lançada pelo MEC, indica várias outras atividades para a sequência de aulas, com temas como homônimos e sinônimos. O trabalho em duplas é uma orientação recorrente por favorecer a troca de percepções e de ideias sobre os significados. Na sala de aula, Regina adota essa premissa e sente a evolução da turma. Aos poucos, o vocabulário aumenta e eles passam a ter mais apreço pela leitura. "Eles trazem de casa palavras que encontraram em gibis e começam a recomendar obras lidas para os colegas", relata.

INCLUSÃO: ATIVIDADES COM LETRAS MÓVEIS

Os professores Cristiano Alcantara e Regina Coeli do Couto, da EMEF Duque de Caxias, em São Paulo, ficam atentos para garantir que um dos alunos do 3º ano, que tem deficiência intelectual, também aprenda a usar o dicionário. "Desenvolvo com ele o mesmo conteúdo abordado com os demais, mas de uma maneira diferente", afirma Regina. "O trabalho é mais individualizado, mas está sempre dentro do contexto da sala." 
A atitude da professora é aprovada por Ângela Lessa, especialista em Educação Inclusiva e Linguagem. "O mais importante é o aluno participar das atividades com toda a turma. Se a aula é com o dicionário, o professor também deve dar um ao estudante com deficiência, para que ele manuseie", diz. 
A professora utiliza letras avulsas grandes para que o garoto compreenda a escrita das mesmas palavras que os outros procuram durante a atividade. Ajudado por ela, ele compara o que está escrito em letras móveis com as palavras grafadas no quadro. Depois, manuseia o dicionário ilustrado. 
No livro, o aluno faz a associação de gravuras com as palavras. Outras alternativas são possíveis dependendo do tipo de deficiência intelectual. Há casos em que a criança presta atenção apenas em temas específicos. Sabendo quais são, é possível direcionar as atividades em sala para eles. "O professor pode eleger palavras de um campo temático e trabalhar com elas aspectos como o sentido e a ordem alfabética", sugere Egon Rangel, da PUC-SP.
 
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/contatos-iniciais-amigo-dicionario-678509.shtml?page=1