ESTRATÉGIAS PARA O TRABALHO COM PESQUISA NA ESCOLA



É importante que o professor saiba propor o tema de investigação, roteirize a atividade, distribua papéis entre os alunos e os ajude a socializar o conhecimento produzido. O desenvolvimento de um filme ou Webquest pode ajudá-lo a elaborar estas etapas.
Discutimos, no último post, as dificuldades que alunos e professores normalmente enfrentam ao trabalharem com pesquisa na escola – e sobre como muitas vezes a atividade é passada como lição de casa sem que os educandos extraiam algum aprendizado dela.
Como combinado naquele texto, hoje vou dar continuidade à reflexão, pensando em possibilidades de trabalho que de alguma forma contribuam para que os alunos deixem de simplesmente copiar textos da internet – e que, pelo contrário, aprendam a se apropriarem e a transformarem as informações pesquisadas. Mas antes de entregar o prometido, quero ainda apontar alguns aspectos importantes. Vamos a eles:
·                    Proposta de pesquisa: de que maneira nos preocupamos em “engajar” os alunos com o tema apresentado? É muito importante que eles percebam que precisam aprender algo novo, que devem responder a uma questão sem resposta pronta em sites ou livros (digitais ou não). E que precisam trazer uma abordagem diferente daquela já existente nos materiais encontrados por aí – por isso, é preciso discutir que o trabalho realmente deve ser inédito!
·                    Roteiro: toda pesquisa precisa ter um roteiro, em que são descritas as questões a serem investigadas, as fontes que poderão ser utilizadas e suas etapas de trabalho. É importante lembrar que as fontes não são apenas os livros e a internet, mas também há informações em revistas, vídeos, folhetos e até mesmo com as pessoas, que podem ser entrevistadas.
·                    Distribuição de papéis diferenciados no grupo: nem sempre é necessário que todos os alunos pesquisem a respeito do mesmo tema e se responsabilizem pelas mesmas etapas no trabalho. Em uma pesquisa, os integrantes do grupo podem pesquisar aspectos diferentes ou se dividirem em abordagens diferenciadas. Quando diferentes tarefas são propostas, os alunos veem mais relevância no que estão fazendo e se interessam mais pelo trabalho dos demais.
·                    Socialização da pesquisa: a produção que os alunos apresentarão não precisa ser sempre naquele formato de “trabalho escolar”. A entrega formal pode ser em folhas impressas, formato convencional, mas a forma de apresentação para a comunidade da escola ou mesmo para estudantes de outras localidades precisa ser significativa – pode ser feita por meio de folder, história em quadrinhos, vídeo, programa de rádio para a web, animação, apresentação de teatro, fantoches e outras estratégias que despertem também o interesse de quem vai conhecer o trabalho realizado.
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Para engajar os alunos no processo de pesquisa, o professor pode elaborar um roteiro significativo e utilizar metáforas que os aproximem da atividade. Um exemplo é brincar de “faz de conta”: imagine que os estudantes vão pesquisar a respeito da história de um bairro. O professor pode propor a eles que produzam um documentário sobre fatos importantes da região a partir da consulta a diferentes fontes, incluindo o depoimento de antigos moradores – que podem ser entrevistados para o documentário ou terem seus papéis representados pela turma.
Na mesma linha, as Webquests também costumam ser bem-sucedidas (relato algumas neste vídeo disponível no Portal do Professor). Geralmente construídas por educadores, as Webquests são roteiros de pesquisa orientada em que se apresentam questões para investigação, de modo que todas as informações, ou ao menos parte delas, possam ser encontradas na internet (no Google há vários exemplos). Elas são uma forma interessante de conhecer a metodologia e quem sabe adequar ou construir novos roteiros.
Para além destas sugestões, cada professor pode e deve desenvolver o seu método. Independentemente do meio, o mais importante é que o exercício possibilite a transformação das informações em conhecimento, de forma significativa e relevante – aprendizagem esta até mais importante do que as próprias questões a serem investigadas.

Fonte:http://blog.aticascipione.com.br/eu-amo-educar/estrategias-para-o-trabalho-com-pesquisa-na-escola#comments

TRABALHAR COM PESQUISA NA ESCOLA


O que esperamos dos alunos quando passamos uma pesquisa como lição de casa? Se ela for uma simples tarefa a ser apresentada ao professor, eles acabarão por tratá-la como mais um encargo escolar.
Não é de hoje que percebemos a dificuldade de envolver os alunos em atividades de pesquisa. Na minha época de escola, era comum que os professores pedissem trabalhos sobre um determinado tema – em geral, bem amplo como “folclore” ou descobrimento do Brasil – e que nós, alunos, buscássemos o maior número de informações possíveis em enciclopédias ou livros didáticos. Copiávamos o conteúdo e entregávamos tudo ao professor, caprichando bastante na capa para impressioná-lo um pouco mais.
Não me lembro de algum professor ter questionado se aprendi algo, ou perguntado se o que escrevi viera da minha cabeça ou fora copiado. Mas não me lembrar destas coisas, após tanto tempo, nem é tão significativo. O pior é não lembrar de algo que eu tenha aprendido em alguns desses trabalhos…
Hoje, os professores reclamam que os alunos copiam tudo da internet. Alguns ainda levam as páginas impressas dos sites, talvez por não dominarem o CTRL + C (comando que permite copiar) e o CTRL + V (comando para colar textos já copiados), ou por não conseguirem realmente compreender o sentido das “pesquisas” solicitadas. Ocorre, porém, que quando o professor pede uma “pesquisa” genérica ele geralmente parece estar solicitando uma “busca” de informações. E, neste caso, fazer a seleção de sites ou cópia de trechos atenderia o objetivo.
Pesquisar é algo complexo, que precisa ser orientado. Envolve inicialmente ter uma pergunta, um questionamento, algo que precisa ser descoberto a partir da atividade de pesquisa. Envolve busca de informações e estratégias para localizá-las em diferentes mídias – afinal, a pesquisa não se dá apenas em livros, ou somente na internet, ou apenas em sites renomados da rede. As informações podem estar em vídeos, revistas novas, publicações antigas e até mesmo com as pessoas… Ou seja: dependendo do assunto, a informação pode estar na casa dos alunos habitando a memória de seus avós, por exemplo.
Para além do exercício de busca, o aluno deve saber avaliar e gerenciar as fontes de informação: selecionar o que é mais relevante, conseguir interpretar dados, avaliá-los criticamente, compará-los com outras fontes e compreendê-los.
Todos esses processos podem (e devem) ser depurados sem que percamos de vista duas questões essenciais: por que pesquisamos? O que vamos fazer com os resultados da atividade? Nem sempre é simples para os alunos entenderem o que nós, professores, queremos deles quando solicitamos uma pesquisa, principalmente quando esta deve ser feita em casa. (Os pais até se desdobram para ajudá-los, mas, muitas vezes, tampouco compreendem a proposta da tarefa. Devemos considerar ainda que em alguns casos nem o próprio educador entende exatamente o que propõe).
Quando a pesquisa é um mero trabalho a ser apresentado ao professor, os alunos acabam por tratá-la como mais uma atividade escolar. Mas, quando conseguimos engajá-los suficientemente para que percebam a importância do que estão aprendendo, aí sim eles se importam e aprendem mais, inclusive!
Por isso, sempre é importante propormos situações interessantes para o compartilhamento de suas descobertas, como a criação de um blog, de um programa de rádio, a elaboração de uma revista que vai ser distribuída na escola, a criação de um vídeo, entre muitas outras possibilidades.
Mas o vídeo, o blog e o programa de rádio não podem ser um material qualquer… Precisam ser criativos e colocarem como meta o compartilhamento do conhecimento gerado com um público que tenha significado para os alunos.
Para isso, é preciso que avaliem com criticidade todas estas mídias e compreendam de que forma podem fazer a diferença. Seminário, exercício no caderno e texto em papel almaço (como analisou Eduardo Chaves em seu último artigo para este blog) não são de todo trágicos, mas são o “mais do mesmo”, estratégias pouco motivadoras e nada desafiadoras para a geração de alunos que temos hoje. Além disso, não representam os verdadeiros desafios com os quais nossos alunos se depararão no decorrer da vida.
 
Fonte: http://blog.aticascipione.com.br/eu-amo-educar/trabalhar-com-pesquisa-na-escola